Cia. Cênica lança nesta sexta, 20, vídeo sobre circulação por 12 cidades paulistas

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‘Vozes’ acompanha encontros do grupo rio-pretense com comunidade indígena e quilombolas 


A Cia. Cênica, companhia de teatro sediada em São José do Rio Preto/SP, exibe nesta sexta-feira (20/9), em sua sede, o vídeo documental “Vozes”, com entrada franca. A obra acompanha a circulação do espetáculo Terra abaixo, Rio acima, realizada entre maio e agosto, por 12 cidades paulistas: Rubineia, Santa Fé do Sul, Jales, Piracicaba, Itapira, Atibaia, Ilha Comprida, Eldorado, Peruíbe, Promissão, Marabá Paulista e Euclides da Cunha. 

Em todas as cidades, após as apresentações, houve bate- papo com o público sobre o trabalho. O projeto de circulação da Cia. Cênica contemplado pelo edital de Circulação do ProAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo teve como proposta o encontro com comunidades que tivessem experiências que dialogassem com o universo temático do espetáculo: o direito à terra, o desenvolvimentismo versus os modos de ser, viver e fazer dos povos e a preservação ambiental.

Uma das personagens de Terra abaixo, Rio acima é inspirada em Aparecido Galdino Jacintho, o Aparecidão, líder religioso na antiga cidade de Rubineia/SP, inundada pelas águas do lago artificial que se formou com a construção da usina de Ilha Solteira, no Rio Paraná. Ele era conhecido na época por benzer e curar pessoas e animais. 

A circulação teve início em Rubineia, Santa Fé do Sul e Jales, região onde foram colhidas histórias e personagens que deram origem a Terra abaixo, Rio acima. Nessas cidades, durante o processo de pesquisa para criação da peça, o grupo ouviu moradores afetados pela construção da usina, concluída em 1978. 

Por meio da parceria com o MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, foram realizados encontros com comunidades que compartilharam suas lutas e conquistas em relação a projetos desenvolvimentistas, como a colônia de pescadores de Tanquãn (Piracicaba), o Quilombo São Pedro (Eldorado), e os Guarani Mbya da Aldeia Takuari-ty (Cananéia). 

O grupo também esteve presente em assentamentos do MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, onde teve contato com a história e os modos de organização da produção na agricultura familiar. Foi o caso do Assentamento Dandara (Promissão), que fornece seus produtos agroecológicos para creches, escolas e outras instituições públicas da região. 

O projeto possibilitou, ainda, o encontro com um quilombo urbano, o Baobá de Male, na periferia de Peruíbe, espaço de cultura e afeto construído pela comunidade local.
Todos esses encontros são mostrados no vídeo “Vozes”.

A edição e direção são do fotógrafo e videomaker Guilherme Di Curzio. Além dele, também foram responsáveis pela captação de imagens José Neto Chiacchio e Larissa Macena. 

Para os artistas da Cia. Cênica, foi uma experiência enriquecedora do ponto de vista humano, cultural, social e artístico levar o espetáculo a comunidades sem contato, ou quase nenhum, com o teatro, e acolher suas impressões. “Fomos profundamente afetados por esses encontros, por essas histórias e realidades. Dar visibilidade a elas, sobretudo no momento político que atravessamos, é fundamental. Tirar o véu de tantas verdades inventadas, mostrar que há, sim, outros mundos possíveis e que temos direito a eles. Como artistas, como gente, não podemos deixar de cumprir esse papel.”

Serviço:
Exibição do vídeo documental Vozes, produzido pela Cia. Cênica. Sexta-feira, 20 de setembro, 20h, na Sede Cênica (Av. das Hortênsias, 263, Jardim dos Seixas – São José do Rio Preto/SP). Duração: 27 minutos. Grátis.