Dependência Emocional:

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Dra silvia Helena

É notório que todos temos necessidades básicas, tais como: nutrição, bem-
estar, lazer, entre outros. Há também uma profunda necessidade emocional, e
qual necessidade você está nutrindo em sua relação conjugal e amorosa é
amigável, ou toxica.
Apego é algo que todos conhecemos. Há quem está apegado ao futebol e outro
ao animal, à namorada. Há quem está pendurado na garrafa e o outro no corpo
perfeito. Apegar-se define uma parte importante de nossa personalidade e de
nossos valores. Diz respeito à nossa visão de mundo e a como nos sentimos
nele. Com frequência, também das distorções da personalidade, do medo, dos
traumas, das inseguranças que criamos. Vejamos algumas dessas situações.
Você está apegada a alguém que já a fez sofrer muito e que demonstrou que
não quer ou não tem condições de mudar. Você está consciente e entretanto
não consegue se desvencilhar dele. O que é isso? Pode haver muitos
elementos aí, vou listá-los a seguir:

  1. O relacionamento é patológico, ou seja, machuca no lugar de fazer bem, e a
    “patologia” é nutrida por vocês dois. Você é tão problemática/o quanto ele/a.
    Se cuide.
  2. O relacionamento não é bom mas você se acha superior e continua nele.
    Este é bem comum entre homens. Ela é a manipuladora e ele se acha muito
    racional e esperto, mas não enxerga o jogo sutil do feminino negativo, que o
    faz de bobo. Nesse caso, quem é ludibriado continua na relação porque está
    apegado à sua própria problemática psicológica, não ao outro.
  3. O relacionamento é ruim porém você sente dó do outro. Ele/a te prejudica
    mas você “sabe que no fundo” ela/e sofre, está com problemas e blábláblá.
    Novamente, você está com um grande assunto pessoal para tratar: seu
    maternalismo /paternalismo, sob o qual se esconde provavelmente alguma
    outra coisa, como medo, baixa autoestima, necessidade de sentir-se um
    herói/heroína etc.
  4. O relacionamento parecer ser a única opção: a pessoa prejudicada tem
    medo de ficar sozinha, não consegue enxergar-se tendo uma vida diferente.
    Novamente, o que está por trás disso é baixa autoestima: a pessoa não confia
    em si. Fica com o ruim por medo do pior. É uma visão bem negativa da vida e
    do próprio potencial, é dar-se por derrotado antes mesmo de tentar.
  5. Você está num relacionamento que faz mal e continua nele: pode ser que
    simplesmente ame a pessoa! Mas como pode haver um amor que nos
    prejudique dessa forma? Porque se peça de onipotência. Sua/sua namorada/o
    está se comportando pessimamente e você não consegue se afastar. Você a
    ama mas… está pagando um preço caro demais. Sua vida está passando sob
    seus olhos, sua situação emocional está interferindo no trabalho, você está
    sempre mais sendo sugado pela relação… Que amor é esse? Amor de mão
    única não funciona: é preciso aceitar essa simples e triste verdade. Você pode
    até sentir em algum nível que a pessoa lhe ama, mas seu comportamento trai
    essa percepção. Ela não age como quem ama e você persiste porquê…? Por
    todas as razões acima mais uma: o sentimento de onipotência que diz que
    você pode mudá-la! Você acha que vai ser a/o salvador da pátria. Bobagens: a
    gente não salva ninguém. Muito menos pode ajudar quem não quer ser
    ajudado.
    Porém, até que não se compreender em qual nível de si mesmos ocorre o
    apego, o nó não será desatado. Apegos falam da gente. Assim como nos
    apegamos ao bolo da mamãe porque ele nos traz recordações boas da infância,
    assim descobrindo apegos dos quais desconhecemos sua origem. Entender os
    apegos do passado nos ajuda a suavizar e até soltar as amarras do presente.
    É minha convicção que o amor é eterno. Entretanto, amar não significa
    necessariamente viver junto, se misturar e mergulhar na problemática do
    outro. Amar também não quer dizer que seu amor vai ser suficiente para
    libertar o outro das maluquices nas quais ele enfiou nessa vida. A você que
    está consciente de um apego que restringe seus movimentos e sua vida resta a
    obrigação de compreender o que está acontecendo e trabalhar sua própria
    evolução pessoal.
    Uma vez que, cada um, lida honestamente com suas próprias questões
    internas, o amor que sobra é verdadeiro. Mesmo assim, pode não funcionar
    porque é preciso de dois para fazer uma relação. Não só de nossas ações,
    pensamentos e sentimentos temos que assumir as consequências, mas também
    das ações, pensamentos e sentimentos do outro. Gostemos ou não.
    A descoberta de si mesmo se dá, quando se conhece e se reconhece de
    verdade como um ser individual e único, que ser feliz tem que vir de dentro.
    Faça sua parte, faça terapia!
    Silvia Helena Cardoso do Amaral , psicóloga clínica CRP06/103117