No começo de 2020, o mundo foi surpreendido pelo anúncio da pandemia de Covid-19. Os primeiros casos da doença foram reportados na China, proliferaram-se e atingiram quase todos os países, caracterizando-se como um grave problema sanitário. Um brasileiro, que buscava obter dupla cidadania, encontrava-se em um dos epicentros mais letais do vírus: a Itália. O país europeu produziu imagens duras, de guerra, que até hoje causam comoção.
O jornalista rio-pretense Henrique Fernandes permaneceu na Itália de fevereiro a julho de 2020 e viveu o início da pandemia da Covid-19 no país. Como forma de aplacar a saudade da família e ocupar a cabeça enquanto a Itália colapsava, ele começou a escrever um diário, com crônicas inspiradas no que vivia.
Os textos foram publicados na imprensa, de São José do Rio Preto (SP), e em outras mídias. O autor mostrou nos relatos como se comportavam as pessoas, a postura dos governos, falou sobre costumes, abordou a solidão, medo de morrer infectado e a esperança.
O lançamento do livro, editado pela Penalux, será na terça-feira (05/10), das 19h às 21 horas, no Riopreto Shopping Center. O livro está sendo vendido pelas maiores plataformas digitais do país, no formato impresso e também como e-book.
O jornalista falou sobre a obra. “Naquele momento tudo era novo. Havia acabado de chegar na Itália, o mundo tinha sido atingido por um vírus mortal e, em pouco tempo, era submetido ao meu primeiro lockdown, em um país com costumes diferentes e separado da minha família. Escrever durante o isolamento me manteve conectado ao meu mundo”. Nos meses em que esteve envolvido no processo de cidadania italiana, o jornalista acabou sendo enganado e descobriu como funciona esse mercado.
Teve problemas com a empresa que contratou para cuidar do seu processo, o que causou a não ida da sua família para a Itália e o atraso da cidadania. No final dos cincos meses, conseguiu a cidadania italiana, buscou a família no Brasil e viveu mais alguns meses na Itália. Hoje, de volta ao Brasil, trabalha na área de assessoria de comunicação.
QUEM É O AUTOR
Henrique Fernandes nasceu em São José do Rio Preto (SP), no dia 20 de maio de 1980. É jornalista. Trabalhou nos jornais Folha de Rio Preto, DHoje Interior e Bom Dia e foi colaborador da Folha de São Paulo e do portal UOL. Fundou a sua empresa, a Assessiva Comunicação, em 2007. Atende clientes de diversas áreas, como esportiva, empresarial e entidades de classe.
Prefácio
Miguel de Cervantes teria escrito que “quem perde seus bens perde muito, quem perde um amigo perde mais, mas quem perde a coragem perde tudo”. É raro não se emocionar com o Diário da Pandemia como na passagem em que Henrique Fernandes revive os momentos com a sua mulher e os filhos, como no aniversário do caçula Pedro, a caça pelo Pokémon e a bacalhoada na Sexta-feira Santa.
Um diário é o registro de fatos e sentimentos descritos de uma maneira despojada, o que é impraticável no ofício do comunicador, como é Fernandes, sob jugo de leitores e editores. Escrevê-lo é a arte de escutar-se. Um hábito terapêutico e até por isso extremamente pessoal.
Por sorte, Fernandes nos presenteou abrindo a janela de sua alma para que aprendêssemos sobre a empatia, a resiliência, a esperança e a gratidão pelo que somos e temos, além do que ganhamos. Ou foi à toa que, decidido a economizar simpatia pelas ruas de Vêneto, o brasileiro que mal sabia falar italiano passou, no dia seguinte, a ser saudado como se fosse Andrea Bocelli?
O Diário da Pandemia também é um registro de como a Covid-19 descortinou nossas dificuldades de lidar com as diferenças e a cumprir protocolos seja na Itália ou no Brasil.
As tensões com políticos nefastos e o alto preço da nossa ignorância estão no primeiro ou terceiro mundo.
A dificuldade inicial de mensurarmos o coronavírus com a recomendação do uso de máscaras somente em caso de sintomas. Dias, meses depois passou a ser equipamento de segurança obrigatório.
Enfim, me apego na coragem do autor em lidar com uma pandemia, a quase 10 mil quilômetros de sua terra natal, e, contudo, manter a calma e a fé.
Pois agora, preciso fazer o que meu coração manda desde que o autor descreve sobre a lembrança de sua mãe, no momento em que observava uma senhora fumando.
Impossível não passar a mão ao telefone para saber da saúde dos familiares ou correr para o abraço em quem está do seu lado, após a leitura do Diário da Pandemia.
Grazie mille, Henrique Fernandes. “É complicado demais falar de saudades. ”
Carlos Petrocilo, escritor e jornalista
Orelha
As raízes italianas inspiraram o jornalista Henrique Fernandes a iniciar o processo de cidadania a fim de ampliar as possibilidades culturais, educacionais e habitacionais. Com esse reconhecimento, passaria a ter livre acesso para visitar e morar em países europeus. Em fevereiro de 2020, o plano começou a ser colocado em prática com sua ida à Itália. Ele não imaginava, no entanto, que a viagem, efetivada com objetivo de resolver trâmites burocráticos, terminaria com uma marcante experiência. Um mês após desembarcar em Treviso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19 e, desde então, o mundo nunca mais foi o mesmo. O rio-pretense testemunhou, de perto, o avanço mortal do vírus.
A saudade dos filhos e da mulher, a distância do Brasil, o isolamento social e as dificuldades para obter o visto causaram um turbilhão de sentimentos e o influenciaram a escrever, com olhar de cronista, sobre os momentos de dificuldade, dor, alegria, perplexidade, vazio, tristeza, pequenas conquistas, imprevistos e expectativa. Fez descobertas da cultura local e das próprias origens. Depois de cinco meses de espera e de incertezas, Henrique reencontrou a família, conseguiu a cidadania e retomou a vida. Os textos escritos no período resultaram neste livro que é um documento histórico, daqueles capazes de registrar uma época, informar, fazer refletir e emocionar.
Raul Marques, escritor e jornalista