Na semana do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 1ª edição do ‘ACESSO’ foca acessibilidade cultural em São José do Rio Preto

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Programação é gratuita e acontece de 2 a 6 de dezembro, com espetáculo, documentário, rodas de conversa e bate-papos com foco na promoção da acessibilidade para corpos diversos e valorização da produção artística de pessoas com deficiência. Abertura é com espetáculo autobiográfico ‘Muros e Grades são Invenções Humanas’, de Ariadne Antico, a Palhaça Birita

Na semana em que é celebrado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência (3 de dezembro), São José do Rio Preto recebe a 1ª edição do ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte. A programação acontece de 2 a 6 de dezembro, com um ciclo de encontros a fim de refletir sobre acessibilidade cultural e promover a valorização da produção artística de pessoas com deficiência.

Protagonizado por pessoas com deficiência, ao lado de profissionais de acessibilidade, o evento ocupa o espaço da Salete Produtora, no bairro Solo Sagrado I, localizado na região norte. Ao todo, são 12 atividades gratuitas e com acesso livre, entre rodas de conversa, bate-papos, espetáculo e exibição de documentário.

A abertura é na terça-feira (2/12), às 19h30, com a apresentação de “Muros e Grades são Invenções Humanas”, espetáculo autobiográfico de Ariadne Antico, a palhaça Birita, da companhia A Casa das Lagartixas (São José dos Campos/SP). A obra nasce da trajetória da artista, que vive com um tipo de paralisia cerebral e descobriu novas formas de olhar para suas limitações a partir da arte.

A montagem mistura depoimento, palhaçaria e escuta ativa com o público, num convite a repensar os muros simbólicos e reais ainda impostos sobre corpos diversos. Após a sessão, Ariadne participa de bate-papo com o público sobre o processo de criação do trabalho, inicialmente concebido como uma palestra.

Documentário

O documentário “Cultura Acessível: Para Quem?”, da terceira turma do curso de produção cultural do Senac São José do Rio Preto, pauta a programação da quarta-feira (3/12), às 19h30. A obra é fruto do projeto integrador da formação, sob a orientação do jornalista e produtor cultural Harlen Félix, e busca discutir a acessibilidade nas produções, espaços e eventos culturais da cidade. Depois da exibição, a turma conversa com a plateia sobre as etapas da produção.

Rodas de conversa

As demais atividades do ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte concentram-se em oito encontros em formato de roda de conversa, de quinta-feira (4/12) a sábado (6/12). Os encontros envolvem diferentes tipos de deficiência, desde auditiva, visual, física e intelectual, numa jornada envolvendo artistas, agentes culturais, educadores, estudantes e representantes do público.

Tanto na quinta (4) quanto na sexta (5), haverá dois encontros, sempre 14h30 e 16h30, enquanto no sábado (6), data do encerramento, serão quatro debates: 9h, 11h, 14h30 e 16h30. Haverá emissão de certificado para pessoas interessadas, mediante 80% de presença, o qual deverá ser requisitado pelo link https://bit.ly/formulário-certificados-ACESSO.

A programação começa pelo tema “Não é só sobre Libras, mas também é”, a fim de ampliar o entendimento sobre acessibilidade comunicacional, em especial o papel das Libras. Participam a intérprete e instrutora de Libras Eliza Godoy, graduada em pedagogia e pós-graduada em psicopedagogia, e Jacqueline Fontes, pessoa com deficiência auditiva profunda, formada em pedagogia e ministrante de Libras. A mediação é de Bárbara Moura. Às 16h30, a ocupação de espaços culturais por pessoas com deficiência conduz a conversa “Eu quero é botar meu bloco na rua, nos palcos, nas galerias”, com a estudante de música e teatro Isabella Isa, autista nível 1 e baixa visão, e o doutorando em matemática (Ibilce/Unesp) Pedro Otávio de Souza Mussatto, mediada por Livon, cantora e compositora atípica.

Na sexta (5), “O que os olhos não veem…” reúne a cantora e violonista Maria das Graças Aristóteles e o cantor e educador musical Nei Cândido, com formação em violão e guitarra adaptados, em interlocução com a educadora e audiodescritora Milena Bertoni, coordenadora pedagógica no Centro de Reabilitação Visual – Instituto dos Cegos com Deficiência Visual. Em seguida, “Tira essa escada daí – acessibilidade arquitetônica em espaços culturais” convida o multiartista e lgbt Caio Emanoel, com sequela de mielomeningocele; o artista com foco em teatro, cinema e performance Heitor Delfino; a artista e paratleta com deficiência física Joana Batista; e Laura Souza, pessoa com deficiência física dedicada à dança inclusiva e performance art. Condução da atriz, performer, ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, cadeirante e fundadora do núcleo Asa de Borboleta Performance Art, Vanessa Cornélio.

O sábado (6), último dia do ciclo de encontros, começa com “Ferramentas e recursos: criando acessibilidade em arte”, sobre meios de potencializar a fruição e a criação artística, com a deficiente visual total, pedagoga e praticante de esportes adaptados Ingrid Vasconcelos e o massoterapeuta e deficiente visual total Rogério Santos, sob mediação de Milena Bertoni. Na sequência, “Sensibilização e práticas inclusivas” aborda atitudes, comportamentos e processos que promovem convivência, respeito e inclusão, num debate entre a cozinheira e empresária Dani Lima, que vive a maternidade atípica desde 2016, e o especialista em informática, estudante de psicologia e podcaster Tiago Catelani, em diálogo com a psicóloga, multiartista e autista Pietra Borges, especialista em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUC-PR) e Análise do Comportamento Aplicada para Autismo e Deficiência Intelectual (CBI of Miami).

No período da tarde, “Criação de propostas culturais acessíveis de verdade” busca pensar como desenvolver projetos culturais que contemplem acessibilidade em todas as etapas. Participam o designer e muralista Lucão e o produtor cultural Tiago Mariusso, coidealizador e gestor no Espaço Multicultural Casa Nuvem. Mediação de Vanessa Cornélio. Encerra a jornada o tema “PCDs e o mercado de trabalho nas artes”, enfocando práticas de promoção da equidade, com o artista visual Eiver Antonio e o pesquisador do teatro surdo e da acessibilidade na arte Tulio Caianelo, sob condução de Bárbara Moura.

Sobre o projeto

O projeto ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte tem coordenação geral da educadora, intérprete de Libras e arte-educadora Bárbara Moura, produção executiva do ator, diretor e produtor de teatro Fabiano Amigucci e produção de Andrea Capelli, produtora e artista da dança. “É crucial estabelecer um pensamento de acessibilidade cultural que envolva a sociedade em um diálogo aberto e promova uma escuta ampla e representativa, garantindo direitos sob uma perspectiva cidadã”, afirma o trio.

A partir de vivências das pessoas participantes, pretende-se evidenciar especificidades e expectativas de grupos diversos quanto ao pleno acesso aos bens e produtos culturais. A realização é com recursos da Lei Nelson Seixas, por meio do chamamento público 09/2024 (Formação Artístico-Cultural), da Secretaria Municipal de Cultura de São José do Rio Preto.

A expectativa da organização é que o diálogo democrático e aprofundado oportunizado ao longo dos cinco dias da programação desperte interesse de diferentes setores e seus representantes marquem presença nas discussões, com vistas à promoção efetiva da cultura de forma acessível e inclusiva, fortalecendo o protagonismo das pessoas com deficiência, tanto como público quanto como fazedoras de cultura.

Além das reflexões propostas pela programação, o ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte pauta-se por diferentes iniciativas para viabilizar a participação do público de maneira inclusiva. Todas as rodas de conversa e bate-papos terão interpretação em Libras e audiodescrição, mesmos recursos presentes no espetáculo e na exibição do documentário, que tem janela de Libras integrada.

Uma equipe especializada em inclusão acompanha as atividades, composta por Júlia Ramos (audiodescrição), Raquel Barbosa dos Santos (recepção de pessoas com neurodivergência e/ou com deficiência física), Bárbara Moura, Rafael da Silva e Silva e Simone Nascimento (interpretação de Libras).

Já a Salete Produtora, espaço que recebe a programação, possui acessibilidade arquitetônica, incluindo banheiro com portas largas, barras de apoio e espaço interno para cadeira de rodas e um acompanhante, recurso para pessoas com deficiência física que precisam de ajuda e/ou cadeirantes. 

SERVIÇO:

Ciclo de Encontros ‘ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte’

Quando: 2 a 6 de dezembro de 2025

Abertura: dia 2 de dezembro, 19h30, com o espetáculo “Muros e Grades são Invenções Humanas”, de Ariadne Antico

Onde: Salete Produtora

Endereço: Avenida José Vinha Filho, 1091, bairro Solo Sagrado I – São José do Rio Preto/SP

Entrada gratuita (não é necessária a retirada de ingresso)

Programação completa: linktr.ee/acesso.riopreto

Siga o ACESSO no Instagram: @acesso.riopreto

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Dia 2/12 (terça)

19h30 – Espetáculo: Muros e Grades são Invenções Humanas, com bate-papo após sessão

Com Ariadne Antico (Palhaça Birita) – A Casa das Lagartixas (São José dos Campos/SP)

Sinopse: Espetáculo autobiográfico que nasce da trajetória de Ariadne Antico, artista Def, dona dos melhores movimentos involuntários e de um andar único, charmoso e fora do eixo, que contrariou diagnósticos ao transformar seus “limites” em potência criativa. Foi com a chegada do nariz vermelho que surgiu a Palhaça Birita — figura que a ensinou a rir das dores, reinventar as crises e ocupar o palco com coragem e poesia. A obra convida o público a refletir, com leveza e profundidade, sobre capacitismo, superproteção e liberdade.

Após a sessão, haverá bate-papo com o público sobre a trajetória e as vivências da artista, bem como o processo de criação do espetáculo.

Ficha técnica: Ariadne Antico (direção, artista/palhaça) | Diogo Cábuli (Responsável Técnico) | Fernando Perri (trilha original). Duração: 60 minutos. Autoclassificação: Livre.

Miniobio: Ariadne Antico é produtora cultural, palhaça, bufa, atriz, performer e dona dos melhores movimentos involuntários e de um jeito de andar único, charmoso, não retilíneo e fora do eixo. Integrante da Cia A Casa das Lagartixas, atualmente apresenta “Muros e Grades são Invenções Humanas”, o espetáculo “Birita Procura-se”, com direção de Esio Magalhães, e a performance “Cuidado Frágil”, com direção de Di Cábuli. Obras que trazem nas suas dramaturgias temas e situações que atravessam a vida de uma pessoa com deficiência.

Dia 3/12 (quarta)

19h30 – Documentário: Cultura Acessível: Para Quem? (2025, 60 minutos, São José do Rio Preto), com bate-papo após exibição

Sinopse: Fruto do projeto integrador do curso de Produtor Cultural do Senac São José do Rio Preto, a obra propõe uma reflexão sobre a promoção da acessibilidade nas produções e eventos culturais da cidade. Traz depoimentos de pessoas com deficiência, que falam sobre o sentimento de pertencimento perante espaços culturais e produções artísticas locais, além de profissionais que atuam com recursos de acessibilidade comunicacional, como tradução em Libras e a audiodescrição.

Após a sessão, haverá bate-papo com o público sobre a experiência da turma na produção do documentário, bem como as impressões sobre o desenvolvimento do setor cultural rio-pretense no que se refere à promoção da acessibilidade.

Ficha técnica – Realização: Terceira turma do curso de Produtor Cultural do Senac São José do Rio Preto | Orientação: Harlen Félix | Criação: Amanda Patricia Tagliaro, Ana Maria Salvador Rocchi, Barbara Richard Rozani, Beatriz da Silva Custodio, Bruna Batista Silva, Claudia Maria Francelino, Alves, David Justa Brasil Pereira, Jaqueline Garcia Bisca, Marlon Gonçalves Remistico, Marta Regina Leite, Mirian Conceição de Lima, Nicollas Batista, Pâmella Fabiana Brambila da Cruz, Rafael Louredo Claro, Rita de Cássia Perussi Miranda, Tatiana Atique Fernandes, Viviane Alves da Silva e Wiviane Regina Ribeiro | Acessibilidade em Libras: IMAGINAR Assessoria em Libras – Sidney Feltrin.

Dia 4/12 (quinta)

14h30 – Encontro: Não é só sobre libras, mas também é

Com Eliza Godoy, intérprete e instrutora de Libras, graduada em pedagogia e pós-graduada em psicopedagogia, e Jacqueline Fontes, pessoa com deficiência auditiva profunda, formada em pedagogia e ministrante de Libras. Mediação: Bárbara Moura, educadora, intérprete de Libras e arte-educadora.

Encontro dedicado a ampliar o entendimento sobre acessibilidade comunicacional, discutindo o papel das Libras e de outras estratégias que garantem a participação plena de pessoas surdas e com diferentes necessidades de comunicação.

16h30 – Encontro: Eu quero é botar meu bloco na rua, nos palcos, nas galerias

Com Isabella Isa, autista nível 1 e baixa visão, estudante de música e teatro, e Pedro Otávio de Souza Mussatto, doutorando em matemática (Ibilce/Unesp). Mediação: Livon, cantora e compositora atípica, multi-instrumentista.

Reflexão sobre a ocupação de espaços culturais por pessoas com deficiência, abordando protagonismo, visibilidade, circulação de obras e criação de ambientes realmente inclusivos nas artes e na cultura.

Dia 5/12 (sexta)

14h30 – Encontro: O que os olhos não vêem…

Com Maria das Graças Aristóteles, cantora e violonista, e Nei Cândido, cantor e educador musical, com formação em violão e guitarra adaptados. Mediação: Milena Bertoni, educadora, audiodescritora, arteterapeuta, pós-graduada em atendimento educacional especializado (deficiência visual), coordenadora pedagógica no Centro de Reabilitação Visual – Instituto dos Cegos com Deficiência Visual.

Uma conversa sobre acessibilidade para pessoas cegas e com baixa visão, destacando recursos, metodologias e práticas que ampliam experiências sensoriais e tornam o conteúdo cultural perceptível além do visual.

16h30 – Encontro: Tira essa escada daí – acessibilidade arquitetônica em espaços culturais

Com Caio Emanoel, multiartista e lgbt, com sequela de mielomeningocele; Heitor Delfino, artista com foco em teatro, cinema e performance; Joana Batista, artista e paratleta com deficiência física, graduada em Letras e Intérprete; e Laura Souza, pessoa com deficiência física em decorrência de um AVC hemorrágico, dedica-se à dança inclusiva e estuda performance arte. Mediação: Vanessa Cornélio, atriz, performer, ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, cadeirante e fundadora do núcleo Asa de Borboleta Performance Art.

Discussão sobre barreiras físicas e soluções arquitetônicas que garantem o direito de ir e vir, com foco em adaptação de espaços culturais, uso de normas técnicas e criação de trajetos acessíveis e acolhedores.

Dia 6/12 (sábado)

9h – Encontro: Ferramentas e recursos: criando acessibilidade em arte

Com Ingrid Vasconcelos, deficiente visual total, pedagoga e praticante de esportes adaptados, e Rogério Santos, massoterapeuta e deficiente visual total (adquirida). Mediação: Milena Bertoni.

Encontro para discutir e explorar ferramentas, tecnologias e recursos de acessibilidade que potencializam a fruição e a criação artística, abrangendo desde audiodescrição até tecnologias assistivas.

11h – Encontro: Sensibilização e práticas inclusivas

Com Dani Lima, mãe de três meninas, cozinheira, empresária, vive a maternidade atípica desde 2016, e Tiago Catelani, especialista em retro-games, informática e configuração de rede, estudante de psicologia e podcaster. Mediação: Pietra Borges, psicóloga, multiartista, autista, especialista em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUC-PR) e Análise do Comportamento Aplicada para Autismo e Deficiência Intelectual (CBI of Miami).

Atividade voltada à formação de olhares críticos e empáticos, abordando atitudes, comportamentos e processos que promovem convivência, respeito e inclusão de pessoas com deficiência em projetos culturais e na sociedade.

14h30 – Encontro: Criação de propostas culturais acessíveis de verdade

Com Lucão, desenhista autodidata, designer, tatuador e muralista, e Tiago Mariusso, performer, diretor, dramaturgo e produtor, coidealizador e gestor na Casa Nuvem – Espaço Multicultural. Mediação: Vanessa Cornélio.

Discussão envolvendo artistas, produtores e público para que se entenda como desenvolver projetos culturais que contemplem acessibilidade desde a concepção, passando por planos, orçamentos e execução, garantindo ações efetivas e não apenas simbólicas.

16h30 – Encontro: PCDs e o mercado de trabalho nas artes

Com Eiver Antonio, artista visual, formado em design de moda, e Tulio Caianelo, pesquisador do teatro surdo e da acessibilidade na arte. Mediação: Bárbara Moura.

Debate sobre inclusão profissional de pessoas com deficiência no setor cultural, tratando de oportunidades, desafios, políticas públicas, formação e práticas de contratação que promovam equidade.