A pandemia causada pelo novo Coronavírus surpreendeu a humanidade, fechou fronteiras, confinou e angustiou pessoas, mudou o comportamento da sociedade, comprometeu a estrutura econômico-financeira e comercial mundial e, claro, atingiu o setor da saúde. Depois da escassez de equipamentos utilizados para ventilação mecânica e do fornecimento de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), atualmente o problema é o desabastecimento de medicamentos utilizados para tratamento de pacientes graves, tanto de COVID-19 quanto de outras patologias.
“O negligenciamento por parte da população de seguir as recomendações sanitárias levou a franca ascensão do número de casos suspeitos/confirmados para COVID-19 levando ao aumento desproporcional do uso dos insumos de saúde. A capacidade da indústria farmacêutica nacional não atendeu a demanda do sistema. Compras realizadas foram entregues em quantidades menores ou, em alguns casos, não entregues. O colapso estava anunciado”, disse o Dr. Luís Fernando Colla, diretor médico do Hospital Padre Albino (HPA), da Fundação Padre Albino, de Catanduva.
Dr. Colla lembra que este problema seríssimo foi anunciado pelos hospitais da Fundação Padre Albino dia 10 de junho passado, comunicando as autoridades e posteriormente a população, através de coletiva à imprensa. “Naquele momento, as medicações em estoque manteriam os atendimentos normais por aproximadamente cinco dias se nenhuma ação fosse tomada”, emendou ele.
Imediatamente, informou o médico, visando resguardar os estoques e garantir atendimento aos pacientes graves, todos os procedimentos de caráter eletivo que necessitavam desses medicamentos foram suspensos por período indeterminado até que os estoques se normalizassem. “O corpo clínico foi reunido, em especial intensivistas e anestesiologistas, para adequação dos protocolos assistenciais à realidade. Medicamentos em falta foram substituídos por alternativas que ainda estavam disponíveis no mercado. Novas práticas foram discutidas e implementadas, sempre com o objetivo de garantir a segurança do atendimento aos pacientes”, ressaltou Dr. Colla.
O diretor médico do HPA contou que instituições parceiras, que não tratam pacientes acometidos pela COVID-19, forneceram, em condição de empréstimo, algumas unidades de alguns medicamentos. A Fundação Padre Albino intensificou a busca por novos fornecedores e conseguiu comprar pequenas quantidades, principalmente de pequenos fornecedores. Entidades como a Confederação das Misericórdias do Brasil (CMB) e órgãos governamentais, como Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde, realizaram grandes movimentos e articulações com a indústria farmacêutica para encontrar uma solução para o momento.
“Todas as medidas tomadas garantiram que a Fundação Padre Albino conseguisse manter o atendimento aos pacientes graves desde a data do anúncio deste problema. Mesmo com todas as medidas citadas, a situação ainda é crítica e merecedora de atenção, pois atualmente os estoques manterão os atendimentos dos pacientes graves por somente mais sete dias”, ressaltou Dr. Colla.
Por fim, o diretor médico do HPA disse que todas as medidas anunciadas continuarão em execução. “Novas estratégias estão em avaliação e aguardamos os resultados das negociações, tanto da Fundação Padre Albino, quanto dos demais órgãos, com a indústria farmacêutica. Somente com o empenho de todos os envolvidos e com a colaboração da população conseguiremos atravessar mais essa crise”, anunciou Dr. Luís Colla.