Seletividade alimentar não é uma frescura

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Por Camila Ramos da Silva Pinto
Nutricionista infantil
(19)99677-1511

Cuidar da alimentação infantil é essencial para que a criança tenha um crescimento e
desenvolvimento saudável. Geralmente as crianças são curiosas e gostam de experimentar
coisas novas, porém, as crianças consideradas seletivas possuem um repertório alimentar
restrito e com pouca aceitação de novos alimentos, e isso é algo desesperador para a família.
A seletividade alimentar ou dificuldade alimentar, sendo esta última considerada uma
seletividade extrema, é caracterizada pela tríade: recusa, desinteresse e resistência à
alimentação, impactando negativamente na adequada ingestão de nutrientes, prejudicando o
estado nutricional e desenvolvimento da criança.


Estudos mostram que, de 25 a 30% das crianças típicas, ou seja, que não possuem problemas
de desenvolvimento neurológico, e de 67 a 89% das crianças atípicas, ou seja, que lidam com
alterações relacionadas ao desenvolvimento neurológico, apresentam seletividade ou
dificuldade alimentar.

O comer é intuitivo apenas nas primeiras semanas de vida e, ao contrário do que muitas
pessoas pensam, o ato de comer é um comportamento aprendido, e extremamente complexo,
sendo, por exemplo, mais difícil do que andar ou falar. Para se alimentar, uma pessoa utiliza
vários músculos e nervos cranianos, e necessita do pleno funcionamento de todos os órgãos e
de todos os sentidos.

Muitos fatores podem afetar a alimentação de uma criança, tais como: motricidade orofacial;
motores globais e finos; nutricionais; culturais; sensoriais; comportamentais; condições
médicas; entre outros. Para o sucesso do tratamento de seletividade alimentar é preciso
descobrir a causa e, como são vários fatores envolvidos, muitas vezes é necessário a ajuda de
uma equipe multidisciplinar (médicos de diversas especialidades, psicólogo, nutricionista,
terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, entre outros).

Infelizmente existem mitos como “cada criança tem o seu tempo!”, “isso é só uma fase e vai
passar!”, “deixa a criança com fome que uma hora ela come!”, que acabam atrasando ou até
evitando a busca por ajuda profissional especializada. É preciso entender que a SELETIVIDADE
ALIMENTAR NÃO É UMA FRESCURA e a criança precisa de ajuda para que seja identificada a
causa e tratada da maneira correta.

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