Artigo
*Dra Isadora Melhado do Nascimento
A Endometriose é uma doença ginecológica inflamatória, que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial (tecido que reveste internamente o útero) fora do útero, podendo comprometer diversos locais, como ovários, intestino, bexiga e parede abdominal. Pode causar dismenorreia (cólica menstrual intensa) e dor pélvica incapacitantes, dispareunia (dor na relação sexual), alterações urinárias e intestinais, infertilidade, fadiga, aumento do volume abdominal.
Mediadores inflamatórios, aspectos imunológicos, estresse oxidativo e genética são alguns fatores que influenciam o seu surgimento. Um ambiente hormonal favorável e uma resposta imunológica ineficiente para destruir as células do endométrio localizadas fora do útero, promovem o crescimento dos focos de endometriose.
Além das intervenções médicas (cirurgias/medicamentos), o tratamento nutricional tem recebido cada vez mais atenção nos últimos anos, não apenas como fator de risco mutável, mas também como uma nova abordagem terapêutica.
A dieta é um potencial fator de risco modificável para a endometriose. O padrão da dieta quanto ao seu potencial inflamatório pode exercer um papel importante na regulação da inflamação crônica da endometriose.
A dieta do tipo ocidental, caracterizada pelo elevado consumo de carne, alimentos ultraprocessados, alimentos ricos em gordura e grãos refinados, tem sido associada a níveis elevados de fatores pró inflamatórios. Já a dieta do Mediterrâneo conhecida pelo elevado consumo de grãos integrais, frutas, vegetais, peixes, moderado consumo de álcool e baixo consumo de carne vermelha tem sido associada a menores níveis de inflamação.
A literatura tem afirmado que as mulheres com endometriose apresentam um padrão dietético mais inflamatório. Uma alimentação pró-inflamatória contribui para o processo de estresse oxidativo, que está associado à piora clínica.
Alguns alimentos demonstram a capacidade de interferir na patogênese da doença, diminuindo o seu risco e gravidade. Entre os que diminuem o risco estão: vegetais, legumes e grãos integrais; alimentos ricos em folato, vitamina B6, vitaminas A, C e E.
FRUTAS: São fontes de vitaminas e minerais que colaboram para melhorar a imunidade e controlar a inflamação. Possuem efeitos antioxidantes, reduzindo a inflamação.
FIBRAS: promovem a saúde intestinal, influenciam no equilíbrio hormonal. Os alimentos ricos em fibras são: Cereais integrais, leguminosas, sementes, verduras e legumes.
GORDURAS BOAS Os ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados (ômega 3), podem exercer papel anti-inflamatório. Como óleos vegetais (azeite, soja, gergelim), abacate, amendoim, castanhas, nozes, amêndoas e semente de girassol, por exemplo.
Em função do diagnóstico invasivo, do tratamento clínico muitas vezes ineficaz e das repercussões que a endometriose causa na vida da paciente, o tratamento nutricional adequado assume grande relevância como parte do cuidado terapêutico dessa patologia, pois pode vir a contribuir para o controle da doença, dos sintomas e para a melhoria da qualidade de vida dessas mulheres, além de um transito intestinal e uma microbiota favorável.

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