Taxa de aceitação é de 60%; na região de Rio Preto, 75%; no Brasil, 55%
No último final de semana, os hospitais Padre Albino e Emílio Carlos, juntamente com outras oito instituições de saúde da região, se reuniram em São José do Rio Preto para evento que ressaltou a performance dessas instituições na doações de órgãos. Com taxas quase o dobro das médias do Estado de São Paulo e do Brasil, os hospitais da Fundação Padre Albino e da região são destaques nacionais. O encontro, realizado nos dias 21 e 22 de junho, contou com a participação de profissionais de saúde, incluindo médicos, psicólogos e enfermeiros dos hospitais Padre Albino e Emílio Carlos.
A elevada taxa de doações na região é resultado de trabalho contínuo e dedicado realizado por várias instituições. Este compromisso foi enfatizado durante o evento, que incluiu o Curso de Comunicação em Situações Críticas e de Determinação em Morte Encefálica (CDME). O treinamento forneceu aos participantes as habilidades técnicas, éticas e jurídicas necessárias para realizar diagnósticos de morte encefálica e gerenciar o processo de comunicação de más notícias e solicitação de doação de órgãos.
O enfermeiro Carlos Gomes, membro da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante da Fundação Padre Albino, disse que “o trabalho é extremamente gratificante, pois, mesmo diante da perda de ente querido, os familiares têm a oportunidade de oferecer nova chance de vida àqueles que aguardam ansiosamente por um órgão ou tecido na lista de espera. Aqui nos hospitais da Fundação, buscamos garantir que os familiares se sintam seguros em sua decisão. Demonstrar empatia e proporcionar conforto em momento de profunda dor é fundamental para humanizar o processo de doação”. De acordo com ele, em 2023, os hospitais da Fundação registraram mais de 100 doações, incluindo coração, pulmões, fígados, rins, pâncreas e ossos. Somente no primeiro semestre de 2024, os hospitais já registraram 45 doações.
Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o principal desafio do Brasil é aumentar o número de doadores e conseguir a autorização das famílias. Em 2023, a lista de espera por transplantes no Brasil era estimada em 60 mil pessoas, com mais da metade, cerca de 32 mil, aguardando um rim e 24 mil à espera de transplante de córnea, conforme dados do Registro Brasileiro de Transplantes. Para Carlos Gomes são muitos os fatores que contribuem para esse número baixo de autorização das famílias. “A satisfação no atendimento influencia positivamente no momento de decisão; famílias insatisfeitas pelo atendimento tendem a não manifestar o desejo pela doação. Aqui nos hospitais da Fundação buscamos garantir que os familiares se sintam seguros em sua decisão. Demonstrar empatia e proporcionar conforto em momento de profunda dor é fundamental para humanizar o processo de doação”, finalizou.
Atualmente, a taxa de autorização das famílias para doação de órgãos no Brasil é de 55%, enquanto na região de Rio Preto, esse número sobe para 75%. Nos hospitais da Fundação, a taxa de aceitação é de 60%. Esses números refletem um forte trabalho de sensibilização e comunicação eficaz realizado pelos profissionais de saúde. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial em doação e transplantes de órgãos, com o Sistema Único de Saúde (SUS) financiando mais de 88% dos transplantes realizados no país.
Texto: Beatriz Menzani Corrêa/FPA Foto: Divulgação