Artigo
*Dra Silvia Cardoso do Amaral
Vivemos em uma era marcada por avanços tecnológicos, informação em tempo real e infinitas possibilidades. A modernidade nos conecta, nos impulsiona, nos desafia. Mas, silenciosamente, ela também nos exaure.
O cotidiano se transformou em uma corrida silenciosa. Não basta estar presente — é preciso performar.
Não basta fazer — é preciso fazer melhor.
Não basta ser — é preciso superar, provar, mostrar.
A exigência constante de superação vem disfarçada de motivação, mas muitas vezes se transforma em autoexigência desmedida. A comparação com os outros ou com uma versão idealizada de nós mesmos passou a ditar o valor do que somos e do que produzimos. Descansar virou sinônimo de fraqueza. Dizer “não dou conta” parece uma derrota. E assim, dia após dia, o desgaste se instala.
E nesse ciclo acelerado, vamos acumulando tarefas, obrigações, metas. Respondemos mensagens enquanto almoçamos, checamos e-mails antes mesmo de levantar da cama, cumprimos agenda mas esquecemos de viver. Aos poucos, vamos perdendo o essencial: o tempo de qualidade com a família, as conversas sinceras com os filhos, a companhia dos amigos verdadeiros.
Esquecemos de rir sem pressa, de saborear um café sem culpa, de estar inteiros em um abraço. Esquecemos, inclusive, de nós. Dos momentos de prazer simples, da solitude restauradora, do direito de apenas existir sem cobrança, sem comparação, sem performance.
Nos esquecemos de que somos humanos. De que o valor está também no silêncio, na pausa, no tempo de maturação das coisas. Que crescer não é acelerar, mas compreender o próprio ritmo.
A necessidade de ser melhor o tempo todo é, em muitos casos, um grito por aceitação. Mas, paradoxalmente, quanto mais nos exigimos, menos nos escutamos.
É preciso reaprender a viver com leveza. Reconhecer que existe beleza no imperfeito. Que o progresso real acontece quando há espaço para o descanso, o erro e o recomeço.
Ser melhor não é sobre ser incansável. É sobre ser inteiro.
*Professora, psicopedagoga e psicóloga, Sílvia Helena Cardoso do Amaral é pós-graduada em Psicologia Sexual, Neuropsicologia, Psicanálise Clínica, Saúde Mental e Terapia de Casais
Silvia Helena Cardoso do Amaral / CRP06/113107
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